A SANTA CEIA
(um
conto de Natal)
Relembrando
alguns de meus Natais...
Lembrei-me
de um, onde eu e a minha
Ex-esposa
Cristiane estávamos em nossa sala,
Na
casa do Proença.
Tomávamos
uma taça de vinho à
Espera
do momento da ceia.
Nossa
ceia esse ano teria que ser
Prematura,
porque no dia seguinte
Pegaríamos
a estrada, numa viagem longa.
No
portão escutamos uma seqüência de
"Ô
de casa"...
Embaladas
por palmas, quase inaudíveis,
Abafadas,
sem brilho...
O cansaço
tira a virilidade...
Com
voz e com as mãos não poderia ser Diferente!
O dono
dessa, e voz e dessas palmas?
Um
senhorzinho de estatura baixa,
Mãos
grosseiras; mas não acerbadas,
Os
olhos sofridos; mas com uma forte
Pincelada
de amabilidade.
Portava
o sorriso mais largo e verdadeiro
Que já
pude presenciar entre os lábios de
Uma
pessoa em toda a minha vida.
Trazia
consigo um saco de aniagem,
De
espaço inferior o que em ti pudesse
Adentrar,
de peso maior do
que o peso
Do seu
próprio algoz.
Sempre
achei que deveríamos levar
Sobre
as nossas costas, o que nosso corpo
Pudesse
aguentar.
Naquele
dia percebi que estava
Equivocado
sobre o tema!
As
costas necessitam sim,
Em
agüentar todo o peso da desigualdade
Que a
vida nos faz carregar!
Ele
falava que estava desde cedo
Vagando
pela cidade, pedindo alimento, roupa...
Pois
estava desempregado
E sua
família vivia numa grande necessidade...
Bateu
em nossa porta, na boca da noite...
Por
detrás das grades do portão contou as suas agruras,
Nós, depois de escutarmos as mais sinceras palavras
Saídas da boca de um ser humano
Nos sensibilizamos...
Findava
seu monólogo dizendo
Que
ainda precisava fazer uma grande
Peregrinação
até o seu calvário.
Nós o
atendemos...
Pedimos
que esperasse um pouco...
Descemos a
rampinha de nossa garagem
E dirigimo-nos
para a cozinha da nossa casa.
Recolhemos
tudo que tínhamos...
Não
precisaríamos levar todo aquele
Fardo
sobre nossas costas
Para o
lugar que seguiríamos após
O
término do nosso Natal.
Entregamos
aquele montão de coisas,
Que
pra nós não
existia o menor valor,
Diante
daquele contexto.
Recebemos
os agradecimentos louvados.
Olhei
para o lado...
Não
encontrei a presença de Deus.
Decerto
estava em sua "Santa Ceia".
Passamos
o resto da noite chorando,
Eu e
minha ex-esposa Cristiane
Alimentados
da essência do
"Espírito
de Natal".
Até
hoje choro quando me lembro desse dolorido
Natal.
PS: Um
conto de Natal escrito e
registrado por Doca Furtado.
Aos
amigos
Os
meus sinceros votos de Boas Festas
E um
ano repleto de conquistas e compartilhamentos.
Um
grande beijo
Valeu,
valeu.
Doca
Furtado
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