sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


O Engodo

O Brasil, mas uma vez se mostra Ortodoxo e Covarde diante das necessidades de mudanças.

Opa! Acho que não comecei bem o meu texto!
Não pretendo falar sobre acanhamento, timidez, fraqueza ao combate, desmotivação, arrelia ao novo...
Gostaria de falar sobre firmeza, dignidade, índole, moral, conduta...
Se for de “Ética” e “Caráter” que estou tentando escrever, acho que acabei praticando injustiça a tais predicados.
Então apagamos tudo, e vamos recomeçar!
Conformidade com o direito, JUSTIÇA.
Oba! Acho que encontrei meu “marco zero”!

Quando nos propomos a dar início a um seguimento, a força do julgamento começa fundir-se ao ato. Não importa o projeto que estejamos traçando; através do nosso pensamento e dos olhos do mundo externo, a intenção de fazer, e a necessidade de julgar automaticamente começam a se dar as mãos.

Eu sempre vi de forma positiva a importância do julgar das coisas, mesmo desacreditando na sublimidade da justiça. As pessoas sempre encontram nessa nobre virtude uma forma afável de acordar seu anjo avesso, fragilizando, pecaminosamente a sua credibilidade.

Os editais "Leis de desincentivo cultural" já nascem incrédulos, devido à política dos conchavos, jogo de interesses... O jeitinho no jeitinho!
A comissão julgadora do evento "Ano Brasil/Portugal", não tardou em consolidar mais um “Engodo”.
Se por conveniência ou mau-caratismo não podemos julgar. O fato é que o Ministério da Cultura do Brasil, mais uma vez fecha as portas para os novos artistas e seus projetos; beneficiando em porcentagem elevadíssima os renomados nomes da música brasileira.

Será que esses artistas seletos, diferenciados... Tiveram a preocupação de escrever suas propostas? Pagar pelos custos de seus projetos? Será que criaram expectativas para com os seus sonhos...?
Ou será que seus convites já se encontravam lacrados em malotes oficiais?
Eu me recuso a acreditar que houve uma intenção igualitária para distintos fantoches!
Grupos artísticos, com montagens de espetáculos de valores altíssimos, não se submeteriam cachês tão inexpressivos.
O que entristece a classe é a falta de respeito, é desonestidade.
Se as cartas já estavam marcadas, então pra que abrir o Bet?
A força do Blefe está na imponência da Raise!!!

Não falo como artista dolorido seria uma grande bobagem!  Submeter-me a tal sentimento, estaria indo em contra tudo que acredito. O processo criativo de quem realmente cria, é terso!

Quando vomito as minhas mágoas, é em solidariedade a arte, a criação, ao bom senso... Posiciono-me em respeito a um país que um dia foi referência de qualidade musical e que hoje, ou sobrevive a cultuar o velho, ou ridicularizado, combali-se diante do novo.
Até quando teremos que ficar comprimidos à imposição desse mercado sórdido?

Agora sabemos por que o Jabá, o Charque, a Carne-seca...
Estão tão caros na banca da feira... Tão distante da mesa digna.
Paciência... Vivemos num pardieiro anético...
Onde a impunidade mata a fome da incredibilidade. 

...Salvo aquele que se alimenta sem necessidade de agrotóxico.  

Doca Furtado
Músico, Compositor, Intérprete, Autor literário, Poeta

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Pequenino, adoro te ler... beijo com carinho!
... pequenina