domingo, 3 de janeiro de 2016

Poema das Mãos

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Mãos cansadas.
Mãos que afastam as cortinas
Para obter um “finito” raio de sol.
Mão que em companhia de outra mão
Acolhem o elixir da vida
Para saciar bocas ressecadas.

Mãos que massageiam corpos.
Mãos que após o lavoro
Permanecem travadas.

Mãos envelhecidas pelo tempo.
Mãos, cremes, mãos... que por milagre
Tentam esconder uma vida passada.

Mão, que acusa, que machuca, que afaga
Mão que semeia, mão que apedreja
Mãos que em segundo seu filho acalma.

Mãos tateando rosto
Olhos do cego, guia na escuridão.
Mãos que aos tropeços da vida,
Protegem o corpo de colidir ao chão.

Mãos que fazem leis, que provocam guerras.
Mãos que ocultam merenda.
Mãos que saqueiam,
Mãos que põe o homem pra fora da terra.

Mãos macias, que acariciam,
Mãos que tocam fugas e sonatas.
Mãos que curam, mãos que juram,
Mãos que o traz a vida,
Mãos que tira a vida
Vida, que por via da mão se mata.

Mãos que eu passaria a escrever
Por infinitas horas.
Mãos do adeus,
Mãos que por força do acaso,
Despedem-se agora.

(Doca Furtado)

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